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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Primeiro disco de Liniker "Remonta" acaba de sair

Gabriel Quintão/Divulgação
Na primeira audição do disco Remonta, Liniker não poupa sorrisos. “É como uma criança vindo ao mundo, tô trabalhando nessas composições desde os meus 16 anos”, diz aos presentes com um misto de alegria e nervosismo. Ela, que completou 21 há dois meses, conta que queria muito uma obra à altura do que o grupo sonhou e também da expectativa do público. O álbum foi lançado para o público nesta sexta e já está disponível em diversas plataformas (Spotify, Deezer, Google Play, Apple Music, entre outras). Logo mais chega o CD físico — e ainda há previsão de vinil para o fim do ano.

Rafael Barone, diretor musical e baixista, é um dos que agradecem às pessoas que apoiaram o financiamento coletivo de Remonta. A arrecadação, feita entre junho e julho, passou de R$ 104 mil — a meta era R$ 70 mil. O EP Cru, ele lembra, foi feito com R$ 200.

Lançado em outubro de 2015, Cru tem três canções e catapultou o trabalho de Liniker e Os Caramelows para um grande público. O negócio estourou pra valer. As três também estão em Remonta, mas Barone me conta que foi unânime a decisão de repaginá-las. Por exemplo, a mais dançante do EP, “Louise du Brésil”, ganhou o sax inconfundível de Thiago França.

As demais canções, que já vinham sendo apresentadas nos shows do grupo, também foram remontadas em arranjo e espírito. Prova disso é a extensa lista de convidados: Tássia Reis, Xênia França, Tulipa Ruiz, Assucena Assucena e Raquel Virgínia (ambas da banda As Bahias e a Cozinha Mineira), Aeromoças e Tenistas Russas, e parte do Bixiga 70 (Daniel Gralha, Daniel Nogueira e Cuca Ferreira).

O guitarrista William Zaharanszki aparenta entusiasmo após o público ter escutado as 13 faixas. Conheceu o pessoal da banda por acaso, antes de Cru, quando rumava por uma carreira na área do Direito. Aí abraçou a música. Ele me diz que a gravação do álbum foi rápida, coisa de uma semana, e que o grupo deixou de lado outras partes da vida para mergulhar de cabeça no projeto.

A primeira faixa é uma introdução instrumental. A voz de Liniker só aparece na música seguinte, e é à capela. Logo aí quem tá ouvindo percebe o som “classudo” que está por vir, como Barone gosta de definir a cara de Remonta.

Veja o papo que a Bravo! teve com Liniker:

Dá pra dizer que desde o lançamento de Cru, no fim do ano passado, a vida de vocês mudou totalmente. Você já parou pra pensar em tudo que aconteceu de um ano pra cá? Você pira nisso às vezes?

Eu acho que já era um processo em que tava todo mundo trabalhando há muito tempo. Eu já tava trabalhando nesse meu sonho desde os 16, o pessoal da banda também, então é uma coisa que aconteceu porque eu acho que tinha que acontecer, sabe? É tempo, é momento e é muito orgânico como tudo aconteceu. É muito orgânica também a relação que as pessoas tiveram com o nosso trampo, como chegou em cada pessoa e como elas se apropriaram disso. Então, acho que as mudanças desses 12 meses é ver o quanto de verdade tem tudo isso. Não é um privilégio, é um trampo que a gente tá fazendo de muito tempo. Eu sou muito de aterrar nosso pé no chão cada vez mais, saber que isso acontece porque tem essa troca direta com as pessoas, porque a gente tá falando o que a gente tá sentindo.

Pouco antes da gravação teve o falecimento da Bárbara [Rosa, backing vocal do grupo]. Como isso afetou o disco?

A Bárbara foi pro tempo, mas é uma pessoa presente na nossa vida sempre. A gente sabe que ela tá olhando onde quer que ela esteja e que com certeza ela tá bem. Foi um lance de muita coisa, né? Show, o disco vindo, antes de entrar no estúdio, essa perda muito grande. É um processo de remontar, pegar tudo isso, guardar onde tem espaço dentro da gente e transformar isso em coisas boas. A Bá é uma pessoa muito presente pra gente. E ela estudava comigo no colegial, então tem toda uma relação de antes. Ela viveu aqui todos os momentos possíveis, foi feliz em todos os momentos, foi uma motivação muito forte pra gente. Ela tá aí.

Pra você, o que é sucesso?

Sucesso? Eu não tenho uma definição, não sei, não tenho mesmo. Acho que no nosso lance não é o sucesso que acontece, sabe? É essa troca verdadeira, é o que me vale. O que me vale com as pessoas é muito mais a troca que eu tenho com elas do que falarem que eu sou uma cantora famosa, uma cantora de sucesso. Tudo que acontece tem um propósito.


FONTE BRAVO!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Brasil indica 'Pequeno segredo' para tentar Oscar; 'Aquarius' fica de fora

O filme "Pequeno segredo", de David Schurmann, foi indicado pelo Brasil para tentar uma vaga na disputa pelo Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Uma comissão do Ministério da Cultura (MinC) fez o anúncio nesta segunda-feira (12), em evento na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Estavam inscritos 16 filmes ao todo. "Aquarius", dirigido por Kléber Mendonça Filho e estrelado por Sonia Braga, foi um dos preteridos.

Cena de 'Pequeno Segredo', filme indicado pelo Brasil para tentar vaga no Oscar (Foto: Reprodução)

A seleção final dos concorrentes na categoria ainda será definida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. O anúncio dos indicados à 89ª edição do Oscar está marcado para 24 de janeiro. A cerimônia de premiação acontece em 26 de fevereiro, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

"Pequeno segredo", que ainda não estreou, é um longa de ficção baseado em um episódio real ocorrido com a família Schurmann, conhecida por navegar o mundo.

A trama se centra na garotinha Kat, filha adotiva de Heloisa e Vilfredo Schurmann. A menina morreu em 2006, e a história inspirou também o livro best-seller "Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann" (2012), escrito por Heloísa. O longa tem no elenco Julia Lemmertz, Maria Flor, Fionnula Flanagan, Marcello Antony, Erroll Shand e Mariana Goulart.

"Obrigado a todos os que acreditam nesse filme! Meu profundo respeito a todos os maravilhosos filmes inscritos. Tenham certeza que faremos de tudo e não economizaremos energias para representar nosso país na premiação do Oscar 2017. Obrigado, Obrigado obrigado!", escreveu David Schurmann em seu perfil no Facebook.

"Pequeno Segredo não é só um projeto pessoal ou da minha família. Ele é um sonho de uma equipe imensa, talentosa e extremamente profissional. E esse sonho vem conquistando milhares de pessoas. Essa é a maior realização de todos nós. A cada um que acredita no Pequeno Segredo, meu muito obrigado", disse o diretor no perfil do filme no Facebook.

Estreia

Pelas regras, os filmes inscritos para tentar representar o Brasil no Oscar 2017 devem ter sido lançados e exibidos publicamente com fins comerciais por pelo menos sete dias consecutivos entre os dias 1º de outubro de 2015 e 30 de setembro de 2016. É necessária a a comprovação da exibição em salas de cinema comercial.

O perfil oficial de "Pequeno segredo" informa que a estreia está prevista para 10 de novembro, o que tornaria o longa inapto para concorrer. No entanto, no anúncio na Cinemateca nesta segunda, a comissão do MinC disse que o longa estreia em 22 de setembro.

'Potencial para seduzir Academia'

A comissão que elegeu o representante brasileiro foi formada por Adriana Scorzelli Rattes, Bruno Barreto, Carla Camurati, George Torquato Firmeza, Luiz Alberto Rodrigues, Marcos Petrucelli, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense O presidente da comissão, Bruno Barreto, não estava presente.

Luiz Alberto Rodrigues foi o membro que fez o anúncio da escolha de "Pequeno segredo". Ele disse que a comissão analisou não apenas as qualidades artísticas do filme, mas também tentou considerar o que a Academia de Hollywood poderia levar em conta.

"A gente considerou essa hipótese: que filme teria maior potencial para seduzir o júri da Academia a escolher como concorrente a filme de língua esrangeira?", disse Rodrigues.

"Não foi uma decisão fácil. Não foi uma decisão unânime. Foi uma decisão pelo consenso", disse Silvia Maria Sachs Rabello, quando a comissão foi questionada sobre não escolher "Aquarius".

Marcos Petrucelli completou: "O 'Aquarius' ganha essa repercussão nos Estados Unidos porque já foi visto, passou no festival de Cannes. Coincidentemente o nosso filme que foi escolhido não foi visto ainda. Mas isso não significa nada [para o Oscar]. Tem filme que ganhou Oscar e não ganhou Cannes, e vice-versa".

Petrucelli também disse que a escolha levou em conta o perfil do júri que escolhe os filmes de língua estrangeira no Oscar. "São pessoas geralmente mais velhas, então um pouquinho mais conservadoras", disse. "A gente tentou encontrar um filme que tem essas características do cinema 'da cartilha'", afirmou o membro da comissão.

'Aquarius' era considerado um favorito

Dos 16 inscritos para tentar a vaga de representante brasileiro na corrida pelo Oscar, "Aquarius" era considerado um dos favoritos.



Recentemente, duas produções deixaram de ser inscritas justamente em apoio a "Aquarius".
Primeiro, a equipe de "Boi Neon", de Gabriel Mascaro, saiu da corrida. Depois, a diretora Anna Muylaert ("Que horas ela volta?") fez o mesmo ao deixar de fora o seu filme mais recente, "Mãe só há uma".

"Aquarius" recebeu críticas elogiosas no Festival de Cannes, que disputou em maio. O sucesso do primeiro filme de seu diretor ("O som ao redor") também ajudou, assim como a presença de Sonia Braga no papel de protagonista.

O filme, no entanto, se cercou de polêmica desde que, no Festival de Cannes, o elenco fez um protesto contra o agora presidente Michel Temer, que há duas semanas substituiu definitivamente Dilma Rousseff.

Em sessões no Rio no primeiro fim de semana em cartaz, "Aquarius" foi aplaudido e ovacionado com gritos de "Fora, Temer". Na época, fontes do MinC disseram que esses incidentes não deveriam interferir na escolha do filme que iria representar o Brasil no Oscar.

O Brasil no Oscar de melhor filme em língua estrangeira

A última vez que o Brasil teve um filme indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira foi em 1999, com "Central do Brasil". Também concorreram ao prêmio "O pagador de promessas" (1963), "O quatrilho" (1996) e "O que é isso, companheiro?" (1998).

Os brasileiros selecionados para concorrer nas últimas seis edições do Oscar foram "Que horas ela volta?", de Anna Muylaert, em 2016; "Hoje eu quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro, em 2015; "O som ao redor", de Kleber Mendonça Filho, em 2014; "O palhaço", de Selton Mello, em 2013; "Tropa de elite 2: O inimigo agora é outro", de José Padilha, em 2012; "Lula, o filho do Brasil", de Fábio Barreto, em 2011; e "Salve geral", de Sérgio Rezende, em 2010.

Veja, abaixo, a lista de inscritos para tentar representar o Brasil no Oscar 2017:

"A bruta flor do querer", de Andradina Azevedo e Dida Andrade
"A despedida", de Marcelo Galvão 
"Aquarius", de Kléber Mendonça Filho 
"Até que a casa caia", de Mauro Giuntini
"Campo Grande", de Sandra Kogut 
"Chatô – O Rei do Brasil", de Guilherme Fontes 
"Mais forte que o mundo – A história de José Aldo", de Afonso Poyart 
"Menino 23: Infâncias perdidas no Brasil", de Belisario França 
"Nise – O coração da loucura", de Roberto Berliner 
"O começo da vida", de Estela Renner
"O outro lado do paraíso", de André Ristum 
"O roubo da taça", de Caito Ortiz
"Pequeno segredo", de David Schurmann
"Tudo que aprendemos juntos", de Sérgio Machado 
"Uma loucura de mulher", de Marcus Ligocki Júnior
"Vidas partidas", de Marcos Schetchman 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Redução da maioridade penal por causa de estupros? Balela

Esse povo não está nem aí para “mulheres estupradas”. Alguém acha que Bolsonaro, que desejou que uma mulher fosse estuprada, se importa com isso?


Para a galera conservadora, estupro era culpa da mulher que “provocou”, “andou sozinha na rua à noite” ou “bebeu”. Até eles resolverem usar o estupro no tom “e se fosse sua filha estuprada por um menor? E se fosse sua mulher?”.
Me dá vontade de morrer esse argumento. Sequer é um argumento.
Existem menores estupradores? Existem. Eu mesma fui vítima de três deles e achei que fosse culpada do que aconteceu durante boa parte da minha vida. Se eu acho que a redução da maioridade penal teria me trazido justiça? Não acho. Aqueles moleques brancos e de classe média seriam vistos como jovens que cometeram “um erro”. Essa medida, se aprovada, vai se voltar contra a população de baixa renda. Contra preto. Contra pobre. Os menores com grana que cometerem crimes vão continuar se safando, assim como boa parte dos adultos com grana.
Esse povo não está nem aí para “mulheres estupradas”. Alguém acha que Bolsonaro, que desejou que uma mulher fosse estuprada, se importa com isso? Bolsonaro, aquele que diz que tem que TIRAR criança da escola e colocar na cadeia?
Óbvio que não. É apenas um argumento fácil para ser a favor da redução. Essa Câmara não está nem aí pra mulher alguma, diga-se de passagem. E não custa lembrar que 70% dos estupros acontecem em casa e são cometidos por conhecidos ou familiares.
Como escreveu a Mari, minha colega de blog"Os caras querem colocar a maioridade penal nas nossas costas, falando que ´evita estupros´, mas vale lembrar que na hora de defender os direitos mais básicos e reais das mulheres eles seguem não fazendo nada. 
Ainda sobre estupro: cerca de 7% dos estupros no País resultaram em gravidez, mas 67,4% das vítimas não tiveram acesso ao aborto legal na rede pública, conforme previsto em lei."
Eu já tive que acompanhar uma mulher violentada até o Pérola Byington, hospital em São Paulo que deveria ser referência em atendimento a mulheres que passaram por violência sexual, e é claro que não é fácil como imaginam. As pessoas acham que é só chegar e falar “olá, fui estuprada e gostaria de fazer um aborto”. Já sabemos que as Delegacias da Mulher não são ambientes nada acolhedores e o hospital, que deveria cuidar da mulher vítima de violência, também não é.
O aborto em caso de gravidez resultante de estupro, previsto em lei, é dificultado em todas as etapas do atendimento.
Então não venham nos usar de argumento nesse Congresso imundo dizendo que querem a redução da maioridade penal porque estão preocupados com as mulheres e os menores estupradores.
Não coloquem mais isso nas nossas costas.
Os menores infratores já são responsabilizados, e o índice de reincidência no sistema socioeducativo é menor; no Brasil, os adolescentes são mais vítimas do que autores de crimes; o sistema prisional já está superlotado, com quase metade dos presos aguardando julgamento (lotar ainda mais é uma ótima desculpa para privatizar as cadeias). Não é reduzir a maioridade penal que vai resolver nossos problemas.
Quer mais razões? Tem aqui.
E quem acredita que o Congresso está representando os interesses do povo porque “é o que a maioria quer e isso é democracia”, fique sabendo que a maioria, além de ser a favor da redução da maioridade penal é também contra o casamento gay, contra a legalização do aborto, contra a existência de pessoas trans (o que dizer então de cirurgia de transgenitalização), contra cotas para negros na faculdade e, se bobear, a favor da pena de morte. É isso que você acha certo?

Fonte

quarta-feira, 8 de julho de 2015

ESTUDO: Violência contra a mulher foi o 2º crime mais atendido pelo MP

Mais de 300 mil inquéritos policiais envolvendo violência doméstica contra a mulher foram movimentados pelo Ministério Público (ESTUDO)



Passados quase 10 anos da vigência da Lei Maria da Penha, a violência doméstica contra a mulher no Brasil ainda é um problema grave. É o que mostra recente levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)divulgado no último dia 23 de junho pela entidade.
De acordo com o relatório, 306.653 inquéritos policiais relacionados à violência doméstica contra a mulher foram movimentados pelo Ministério Público de todo o País no ano passado. Desse total, 283.655 viraram processos criminais.
Em quatro das cinco regiões do País – Nordeste, Centro-Oeste, Norte e Sul –, foi o segundo crime entre os inquéritos que chegaram aos promotores – atrás apenas dos crimes contra o patrimônio. Apenas os três Estados do Sul brasileiro – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – respondem por 79.768 inquéritos do assunto.
Apesar dos dados, os números definitivos sobre a violência doméstica contra o Brasil ainda necessitam de maior refinamento, conforme apontou um levantamento doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em março deste ano, o estudo ‘Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha’ – citou que 1,3 milhão de mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil em 2009, e 43% das brasileiras já alegaram ter sido vítimas de algum tipo de violência durante a vida, seja ela verbal ou física. Das agressões que acabaram em morte da mulher, 90% dos autores eram conhecidos pela vítima, o que comprova o que o material chamada de “cultura do patriarcado e sua expressão machista”.
Em outro relatório do Ipea, divulgado na mesma oportunidade, foi constatado que 48% das mulheres agredidas tinham sido vítimas dentro de suas próprias casas, e que o número de assassinatos de mulheres ficou estável a partir de 2006, após a implementação da Lei Maria da Penha, enquanto os homicídios de homens no País subiu nos anos seguintes.

Fonte

[Postagem do Dia] O povo brasileiro sabe o que é machismo?

O movimento feminista no Brasil está passando por um período extremamente crucial. Por alguns motivos:

Antes de tudo, existe um grande estigma acerca da temática. Exemplos: toda feminista é sapatão, mal amada ou frígida. Feministas são anti-higiênicas, pois não tiram seus pelos. São máximas equivocadas, mas que, por muito tempo, foram propagadas como verdades absolutas, assim como todas as construções discursivas que tem como finalidade desvirtuar o real objetivo do que se fala. Todavia, atualmente, o movimento feminista está sim conseguindo desconstruir esse discurso.

Diante disso, algumas coisas podem ser observadas: a maior participação da figura masculina na defesa da luta feminista; maior propagação do que é feminismo; maior conhecimento da população da importância do feminismo para a sociedade.

Por fim, nota-se que, apesar de não ser o ideal, o feminismo está conseguindo entrar na casa do/a brasileiro/a, seja de forma receptiva ou não. E, acima de tudo, explicando-nos, dia após dia, o que é o machismo e como é cruel a sua materialização.

Ainda assim, nós mulheres, somos vítimas diárias de comportamentos machistas, que vão de pequenas proporções (cantadas insistentes e invasivas) até aqueles que podem destruir a vida de alguém (buscar culpa na própria mulher por ela ter sido estuprada).

É nesse contexto que nas últimas semanas me deparei com essa imagem:



E me perguntei: será que isso aconteceria se fosse um homem?

E me abismei: várias mulheres na minha rede social estavam compartilhando.

A ofensa vai muito além da figura da presidentA, ela não foi a única ofendida e pouquíssimas pessoas se deram conta disso. Essa imagem não deveria existir, mas enquanto existe deveria ficar na cabeça de todos/as até que consigamos, finalmente, compreender o quanto ela é ofensiva, o quanto ela atinge a mulher, a dignidade, a existência feminina. O quanto ela rebaixa. O quanto ela denigre. E o quanto ela é machista.

“Mas, a intenção foi atingir o Governo Dilma”

Não, não foi. Coloquem isso na cabeça.


Para dizer que um Governo ou um/a governante é ruim, isso não se faz ofendendo a sua dignidade, mas sim a sua gestão. Essa foi uma ofensa à pessoa, à dignidade e, acima de tudo, à nós – mulheres.

Antes de criticar saiba: é esse o maior combate do feminismo.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Moçambique descriminaliza homossexualidade e aborto


O Moçambique descriminalizou a homossexualidade, ao aprovar reformas a um código de leis que datava de 1886, época que o país - independente desde 1975 - ainda era uma colônia portuguesa.
De acordo com o site Pink News a homossexualidade podia ser punida no país com três anos de trabalhos forçados, internação em uma instituição psiquiátrica ou afastamento das atividades profissionais.
lei que estava em vigor até esta segunda, previa nos artigos 70 e 71, pena "aos que se entreguem habitualmente à prática de vícios contra a natureza". Com a medida, o Moçambique se torna a 21ª nação africana a legalizar as relações entre pessoas do mesmo sexo, segundo o International Business Times.
Segundo a publicação espanhola El Mundo, tais penas não eram aplicadas desde 1975. O novo código penal, que entra em vigor nesta segunda-feira (29), foi articulado pelo presidente Armando Guebuza, que deixou o poder no começo deste ano.
Relações homossexuais ainda podem ser punidas com a morte em países como o Sudão e a Mauritânia.
O novo código penal, que entrou em vigor sem nenhuma cerimônia para marcar a data, também inclui um artigo para legalizar o aborto, segundo o El Mundo.
A principal organização LGBT do país, a Lambda, que teve papel fundamental na aprovação da lei, foi cautelosamente otimista sobre o processo, mas afirma que a aprovação da lei é um importante passo para uma sociedade mais igualitária.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Suprema Corte dos EUA aprova o casamento gay em todo o país



Numa decisão histórica, a Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou nesta sexta-feira (26) o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Os 13 estados que ainda proibiam não podem mais barrar os casamentos entre homossexuais, que passam a ser legalizados em todos os 50 estados americanos. A decisão veio por cinco votos contra quatro.

O casamento tem sido uma instituição central na sociedade desde os tempos antigos, afirmou o tribunal, "mas ele não está isolado das evoluções no direito e na sociedade". Ao excluir casais do mesmo sexo do casamento, explicou, nega-se a eles "a constelação de benefícios que os estados relacionaram ao casamento".
O tribunal acrescentou: "O casamento encarna um amor que pode perdurar até mesmo após a morte". "Estaria equivocado dizer que estes homens e mulheres desrespeitam a ideia de casamento... Eles pedem direitos iguais aos olhos da lei. A Constituição lhes concede este direito", ressaltou, segundo a agência AFP.
A decisão não entrará em vigor imediatamente porque a Suprema Corte concede ao litigante que perdeu o caso aproximadamente três semanas para solicitar uma reconsideração, como informa a Reuters.
O caso analisado pela decisão desta sexta se referia aos estados de Kentucky, Michigan, Ohio e Tennessee, onde o casamento é definido como a união entre um homem e uma mulher. Esses estados não permitiram que os casais do mesmo sexo se casassem em seu território e também se negaram a reconhecer os casamentos válidos em outros estados do país.
O representante da ação na Justiça foi Jim Obergefell, que viveu 21 anos com John Arthur, em Ohio. Ele queria que o casamento fosse formalmente reconhecido na certidão de óbito de Arthur, quando ele morresse. O companheiro tinha esclerose lateral amiotrófica, doença que não tem cura. Os dois chegaram a se casar em outro estado, mas a união não era reconhecida em Ohio.
A história de Obergefell consolidou os casos de 19 homens e 12 mulheres, de outros quatro estados.
Há dois anos, a Suprema Corte anulou parte da lei federal contra o casamento gay, que negava uma série de benefícios governamentais para os casais do mesmo sexo que tinham se casado legalmente.
Celebração

Nesta sexta, centenas de pessoas se reuniram nos arredores da Suprema Corte, no centro de Washington, para comemorar a decisão dos juízes.

Como informa a agência EFE, o governo do presidente Barack Obama já tinha manifestado abertamente sua postura a favor do casamento homossexual depois que, pela primeira vez, o próprio líder declarou apoio à causa em 2012.
Obama disse no Twitter que a aprovação é um grande passo para a igualdade de direitos. "Casais de gays e lésbicas têm agora o direito de se casar, como todas as outras pessoas. #Oamorvence", disse o presidente. Ele fez um pronunciamento e disse que a decisão é uma "vitória para a América".
A pré-candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton, também comemorou a decisão em seu perfil na rede social.
Fonte

#LoveWins #LoveIsLove

Beco feminista pela discussão de gênero no Plano de Educação


Por César Santos

Nesta sexta (26) vai ter beco feminista com batucada, forró e quadrilha.
O bloco carnavalesco “Alô Frida” realizará a sua primeira intervenção no Beco dos Artistas a partir das 18h, destacando a importância de se discutir gênero em todos os espaços.
Em meio a campanha contra a aprovação, pela Câmara Municipal de Mossoró, do projeto que retira as possibilidades de discussão de gênero do Plano Municipal de Educação e, consequentemente, das escolas, o ArriáBeco do Alô Frida contará com a participação de Celia Aldridge, coordenadora da E-CHANGER Brasil, agência suíça de cooperação de pessoas, e militante da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo.
Ela vai falar sobre a importância de discutir gênero e diversidade para construção de novas relações humanas sem machismo, LGBTfobia, sexismo e violência sexista na escola e em todos os lugares.
A programação terá muita música, poesia e quadrilha improvisada “sem essa de só dançar homem com mulher”, diz Everlaine Rocha, integrante do Alô Frida e cantora que se apresentará no palco aberto.
“É importante chegar cedo para participar do debate. Porque pra festa ser ainda mais bonita, a gente precisa fazer parte da mudança de mundo que queremos e o debate nos ajuda nisso. Como diz o refrão do nosso hino: Se tem machismo, racismo, eu falo! Eu não me Kahlo, eu não me Kahlo! Sem fobia a folia será colorida. Alô Frida! Alô Frida!”
O Bloco Alô Frida, é a reunião de várias militantes feministas da cidade que participou do Pingo da Meia Noite, no Carnaval de Mossoró, inovando com cores e lutas.
E o que parecia apenas uma forma diferente de se divertir tem se tornado motivo para reunir e somar mulheres para defender a causa da igualdade entre as pessoas, por isso, Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres acredita que: “outra cultura, uma cultura feminista é possível, enfrentar o machismo de forma irreverente e ousada é nossa marca para que sejamos cada vez mais livres”. E dispara: “as mulheres gostaram de estar juntas no carnaval e por que não continuarmos? Vai ter arraiá feminista, sim!”.
O que? Beco do Alô Frida
Quando? Hoje às 18h
Endereço: Rua Travessa Martins Pena (Ao lado do Teatro Lauro Monte Filho)



quarta-feira, 24 de junho de 2015

ONU Mulheres lança site em português do Movimento ElesPorElas

Expectativa é aumentar as adesões do Brasil por meio do cadastro de milhares de homens e meninos em defesa de direitos e igualdade para mulheres e meninas por meio da página www.heforshe.org/pt

A atriz Emma Watson é embaixadora da ONU Mulheres. Foto: ONU Mulheres
A partir desta sexta-feira (19), o público de língua portuguesa passa a contar com conteúdos no idioma no portal do Movimento ElesPorElas (HeForShe) de Solidariedade da ONU Mulheres pela Igualdade de Gênero:www.heforshe.org/ptA plataforma está disponível em outros cinco idiomas: inglês, espanhol, francês, turco e chinês.
“Este é um movimento solidário pela igualdade de gênero. Ao assegurar conteúdos em português, convidamos os mais de 300 milhões de lusófonos para manifestar o seu apoio individual por meio do cadastro no mapa mundial. Chamamos, especialmente os mais de 100 milhões de homens e meninos brasileiros, para que demonstrem que o Brasil quer e se mobiliza em favor da igualdade entre mulheres e homens, meninas e meninos”, afirma a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.
Ela ressalta a articulação com raça como um desafio para o Brasil. “A igualdade entre mulheres e homens no Brasil somente será possível através da articulação com a dimensão racial, com a finalidade de enfrentar o racismo. Este é o diferencial do movimento ElesPorElas no Brasil, para que mulheres negras e brancas, homens negros e brancos possam ter inclusão nas empresas, nas universidades, ter seus direitos garantidos pelas políticas públicas, tais como participação, representação e poder”, completa Gasman.
O Movimento ElesPorElas – Criado pela ONU Mulheres, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, o movimento ElesPorElas (HeForShe) é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial e a organizar juntos, homens e mulheres, uma nova sociedade.

#VetaPrefeito


#‎VETAPREFEITO‬ ~ Ontem, em manobra capciosa, a Câmara de Vereadores de Mossoró aprovou um projeto pelo fim da discussão de gênero nas escolas. A pergunta que fica no ar é: os vereadores sabem a importância da discussão do gênero e diversidade para a formação de cidadãs e cidadãos? Em meio a tanta misoginia, machismo, estupros e assassinatos de mulheres e LGBT's, o debate sobre Gênero e Diversidade possibilita a formação continuada da comunidade escolar visando a elaboração de estratégias para combater o sexismo, o preconceito, a LGBTfobia, a gravidez na adolescência, a violência sexista. E o Plano Municipal de Educação precisa, Mossoró precisa de gênero e diversidade na escola, sim!

#VETAPREFEITO


quarta-feira, 17 de junho de 2015

[Postagem do Dia] A mulher, o Legislativo e a necessidade da Cota

Nesta última terça-feira (16 de junho de 2015), como esperado, o Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a emenda apresentada pela bancada feminina à reforma política (PEC 182/07, do Senado) que garantia um percentual de vagas no Legislativo.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Como funcionaria o sistema de cotas

A emenda previa uma reserva para as mulheres nas próximas três legislaturas. Funcionando da seguinte forma: Na primeira, com um total de 10%, na segunda o percentual subiria para 12% e, na terceira, para 15%. Essa parcela reservada para mulheres incidiria em relação ao total de cadeiras na Câmara dos Deputados, assembleias estaduais, câmara de vereadores e Câmara Legislativa do Distrito Federal. Caso as cotas não fossem preenchidas, seria aplicado o princípio majoritário para as vagas remanescentes.

Votação

Para que fosse aprovada a emenda, seria necessário um total de 308 votos a favor, contudo só atingiu a margem de 293 votos, 101 votos foram contrários e tiverem 53 abstenções.

Posicionamento da oposição à Emenda

Um dos deputados que se posicionou contra foi João Rodrigues (PSD-SC) que disse: “O Brasil está se transformando em País de cotas. Em estados e municípios, não é proibida a candidatura de mulher. Se criarmos cota, amanhã ou depois teremos deputadas federais eleitas com 5 mil, 10 mil ou meia dúzia de votos. (...) Não entramos aqui pelo sexo nem por opção sexual*; foi pelo trabalho, pelo empenho e pelo compromisso com a sociedade”.

*A expressão “opção sexual” é preconceituosa, a sexualidade não é uma opção, mas sim uma condição. Por isso, atualmente, denomina-se “orientação sexual” ou “condição sexual”.

Em um posicionamento ainda mais radical, o deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG) disse: “Cotas daqui e dali e, daqui a pouco, todos estarão fazendo cirurgia para mudar de sexo* para entrar no Congresso”.

*Falar que alguém seria capaz de mudar o sexo apenas para ter espaço no Legislativo além de preconceituoso, demonstra a falta de capacidade de representar não apenas a mulher que já nasce com o sexo biológico feminino, como também aquela que vem a ser assim considerada por identidade de gênero, com ou sem mudança de sexo.


Nota do blog

Atualmente, as mulheres ocupam, em média, 10% de cadeiras no legislativo brasileiro. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, dos/as 513 parlamentares, somente 50 são mulheres. Inclusive, há cinco estados que hoje não contam com nenhuma participação feminina no Congresso Nacional. Seria inocente apontar que essa desproporcionalidade é falta de interesse, por parte das mulheres, na participação da vida política, basta fazer uma breve retrospectiva. O que há é uma verdadeira restrição cultural e ideológica. No Brasil, a mulher só teve direito a votar a partir de 1932, direito conquistado pela bióloga Bertha Lutz, que exerceu um papel decisivo para a participação da mulher no cenário político brasileiro. Ou seja, um modelo político que até o início do século XX restringia o direito ao voto às mulheres apenas atesta o Brasil como um país machista-patriarcal. No qual, a mulher foi ensinada a não sair dos limites do lar, seja emocional ou profissionalmente.

A cultura escrita pelos homens tende, reiteradamente, favorecê-los. Não é diferente na política. O sistema de cotas não é um benefício arbitrário, sem fundamento. Mas sim, uma necessidade de inclusão e conscientização. Como as mulheres vão alcançar direitos e caminhar a passos mais largos em direção a uma isonomia de gênero se não há representação? Se não há voz? O Legislativo é a representação do cidadão, é a forma de atender as necessidades, de assegurar os direitos e a vida digna. Então, promover a oportunidade da mulher ingressar no Legislativo é assegurar às cidadãs que elas possam viver sem discriminação, sem violência psicológica ou física, é protegê-la do estupro, da ofensa, da violência doméstica/familiar, é proporcionar uma vida emocional e profissional digna. Por fim, é assegurar às mulheres a vida plena que hoje é proporcionada aos homens. Não se pode esquecer que a política (ou os políticos) na plena utilização dos mecanismos que lhe são ofertados é quem protege o cidadão e a cidadã. Logo, esse foi o grito da bancada que defendeu as cotas: a defesa da mulher.

E, mais uma vez, o Legislativo brasileiro (o mais conservador de todos os tempos, ressalta-se) nos desanima com seu discurso enrustido de preconceito.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Por que as conquistas históricas do futebol feminino não saem na mídia

Por Najla Passos*, na Carta Maior




Antes disso, ainda no 1º tempo, Formiga, 37 anos, 20 de seleção brasileira, abre o placar e se transforma na jogadora mais velha a marcar gol em mundiais. 

Pouquíssimos brasileiros, porém, comemoraram a tripla conquista da noite de estreia. Os feitos nem chegaram a ser assunto nas rodas de conversas da semana. A maioria das pessoas sequer ficou sabendo. As marcas das maiores jogadoras do dito "país do futebol" obtiveram pouco espaço na imprensa comercial, inclusive na especializada. Por que Ronaldo, o fenômeno, que também ostenta a marca de 15 gols em mundiais, tem muito mais visibilidade? Por que o menino Neymar, qualitativamente distante de marcas como estas, é quem frequenta as primeiras páginas dos jornais?

Professora do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Maíra Kubik afirma que a mídia tende a reproduzir estereótipos e, por isso, nela, a mulher ocupa apenas seus papeis mais tradicionais, como o de dona de casa ou de mãe. "Pesquisas demonstram que, por exemplo, em matérias de economia, a mulher é entrevistada no supermercado para falar sobre o aumento dos preços, enquanto os homens são os economistas, que comentam tecnicamente", exemplifica.

No caso específico do futebol, ela aponta que a mulher é tratada muito mais como "musa" do que como "atleta". "No Brasil do machismo, o lugar da mulher não é no futebol, que ainda tido como um nicho masculino. E, por isso, mesmo conquistas valorosas como a de Marta e Formiga não ganham visibilidade", esclarece.

A professora destaca que estudos críticos da imagem demonstram que o machismo na cobertura esportiva é tão grande que, mesmo quando as mulheres conseguem algum espaço, são retratadas em ângulos que visam destacar partes especificadas dos seus corpos, de forma a retratá-las muito mais como objeto sexual do que elas como atletas.

Machismo à espreita

A militante feminista Isa Penna acrescenta que, independente do aspecto que você analisar a cobertura da mídia esportiva brasileira, irá encontrar o machismo à espreita. De acordo com ela, até mesmo no jornalismo esportivo o papel da mulher é diferente. Os homens são os comentaristas. Elas, as apresentadoras. "As mulheres funcionam quase como enfeites. Quem dá a linha editorial da cobertura são os homens", denuncia.

Isa observa que o machismo também está estampado nos salários pagos. Enquanto os jogadores chegam a negociar cifras bilionárias, as mulheres ganham entre R$ 320 e R$ 2 mil. Há apenas dois anos, em 2013, os salários delas, embora baixos, variavam de R$ 800 a R$ 5 mil. "Isso mostra que, neste momento de crise econômica, os patrocínios para o futebol feminino são os primeiros a serem cortados", observa.

Ela acrescenta que, atualmente, há 800 times de futebol masculino inscritos nos campeonatos regionais. Já os femininos são apenas 175. "Em São Paulo, os principais clubes não tem seleções femininas. O Santos, que tinha, fechou recentemente, com a velha desculpa de que falta patrocínio", relata.

O jornalista esportivo José Roberto Torero avalia que o futebol feminino ainda é muito desconsiderado não só no Brasil, mas em vários outros países com tradição no esporte. De acordo com o jornalista, o futebol feminino só se destaca mesmo nos países em que o masculino não é forte, como na Suécia, na Noruega e nos Estados Unidos. "Parece que as mulheres ainda não têm licença para jogar futebol", afirma.

Dentre os fatores, ele também cita o machismo, que faz com que o público encare os esportes mais brutos, de maior contato, como genuinamente masculinos. “Vôlei, que não tem contato, mulher pode jogar. Basquete, fica o meio termo. Mas futebol, não”, esclarece. O jornalista esportivo lembra também que as mulheres vêm conquistando espaço em práticas como a natação e o atletismo, mas, mesmo no país do futebol, não rompe a barreira dos espaços exclusivos dos homens.

Torero afirma que, mesmo na cobertura do jornalismo esportivo, o papel da mulher ainda é escasso. "Jogadoras como a Marta e a Formiga teriam muito a contribuir como comentaristas, mas não são sequer convidadas para falarem sobre partidas masculinas. O máximo de espaço que as mulheres ocupam é para comentar partidas das próprias mulheres", observa ele. 


Fonte: Carta Maior

sábado, 13 de junho de 2015

[Postagem do Dia] A Crucificação LGBTI


Atualmente, vê-se um mundo "multipolarizado" em extremismos. Cada um quer o seu quinhão no reino dos “céus”. Se, por um lado, têm-se católicas em busca da reafirmação da sua fé, correndo atrás dos fieis perdidos devido a posturas radicais passadas, deste modo, perfazendo-se a partir de discursos mais amenos; por outro, pode-se ver uma corrente evangélica que de amena não tem nada, pauta-se justamente no extremismo para arrebatar os fieis fervorosos, criam um verdadeiro exército da "fé".

Nota-se que, ultimamente, um novo polo extremista toma de conta do cotidiano brasileiro e, principalmente, dos holofotes da internet: os movimentos sociais. Combatem tudo: novela, propagandas, discursos políticos, religiosos, tudo – simplesmente – tudo. E isso poderia, facilmente, ser motivo das mais severas críticas. Mas, se por um lado, temos duas grandes referências religiosas se digladiando para ter o seu espaço, onde ficam aquelas pessoas que não são abraçadas pela sociedade? O radicalismo, portanto, dos movimentos sociais é o preço que se paga para poder (realmente) existir.

Nesse contexto, vê-se, portanto, a representação LGBTI crucificada em plena Parada Gay 2015. Diante da cena, foram-nos jogadas na cara algumas coisas: 1- peitos à vista; 2- mulher crucificada; 3- transgeneridade. A imagem é chocante, claro. Como não seria? Primeiro que a nudez representada de forma consciente choca muito mais do que nudez feminina pelo bel prazer (reafirmando a coisificação do corpo feminino). Segundo que o posto de representação da crucificação é do homem, pois foi o homem que morreu por nós, não uma mulher, o homem que se sacrifica pela sua coletividade, a mulher apenas pelo lar (representação do machismo exacerbado). Por fim, para quebrar com todas as ponderações possíveis têm-se exposta a transgeneridade, muitos se perguntavam atordoados “É um homem?” “É uma mulher?” “O que é isso?”.

Era uma mulher, nua, trans.

Era uma mulher, nua, trans e que representou a dor de um coletivo.

Era uma mulher, nua, trans e que representou a sua morte diária.

Era uma mulher, nua, trans e que disse com o seu corpo, que o corpo é dela, e que aqueles que a olhavam com olhos julgadores eram os pecadores que a crucificavam todos os dias.

Era uma mulher, nua, trans e que chamou a sociedade de "assassina".

Mas daí advieram algumas dúvidas. Voltando para o início dessa divagação que estou tendo. A parcela católica firmou um discurso mais apaziguador, apesar de condenar, apesar de ter na cruz um símbolo sagrado, tentou – em meio a um discurso machista/homofóbico – mostrar que, apesar de não concordar, o amor prevalece. Por outro lado, a parcela evangélica (em sua maioria), revoltou-se, apesar de condenar o uso de imagens e representações, apesar de não ter na cruz um símbolo sagrado, apesar disso, a manifestação de ódio foi um caso a ser estudado, foi o que gerou toda a repercussão.

Pois bem, as dúvidas:

1º O que choca mais? O fato de ser mulher na cruz? O fato de ser uma trans? Ou a nudez?

2º O que mais dói atualmente no coração das pessoas: saber que todos os dias pessoas trans são, literalmente, crucificadas? Ou a sua representação da crucificação?

3º O que ofendeu a fé do povo? O uso do objeto religioso? Ou a ousadia de uma mulher trans de gritar (sem abrir a boca) toda a violência que sofre e dizer que aqueles que se revoltam contra ela são os mesmos que estão contra si praticando violência?

O grande problema disso tudo é que aqueles que criticaram, antes de fazer, não pararam para refletir sobre algumas coisas. Por exemplo, a cruz simboliza a dor, a crueldade, a penitência. A cruz também simboliza a injustiça, o ódio profanado sem motivos, o martírio. E se a cruz simboliza tudo isso serei ousada em dizer: essa foi a representação mais fiel que já ocorreu. Pois não teve banalização, não teve insulto, não teve mentira. O motivo foi justo, honesto e de coração. A trans exteriorizou a dor de muitos, pois todos os dias, a comunidade LGBTI morre mais um pouco.

Fica, portanto, a torcida para que não haja mais esse tipo de representação: não pelo fato de não ter sido justo, não pelo fato de achar que ofendeu a fé de alguém. A torcida é latente, pois se houve o protesto, a representação, é porque o motivo é iminente. Que não haja mais motivo. Que a trans seja reconhecida como quer ser reconhecida, que o sujeito seja apenas o sujeito, o sujeito que deseja ser.


Por fim, com pesar digo, sempre que olho para a imagem da trans pregada na cruz sinto vontade de chorar e escuto um pedido de clemência. Mas, a culpada não é ela e quem deveria pedir clemência são as pessoas que lhe colocaram pregada ali, despida. Ela, apenas, nos contou da sua dor.