O filme "Pequeno segredo", de David Schurmann, foi indicado pelo Brasil para tentar uma vaga na disputa pelo Oscar de melhor filme em língua estrangeira. Uma comissão do Ministério da Cultura (MinC) fez o anúncio nesta segunda-feira (12), em evento na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Estavam inscritos 16 filmes ao todo. "Aquarius", dirigido por Kléber Mendonça Filho e estrelado por Sonia Braga, foi um dos preteridos.
A seleção final dos concorrentes na categoria ainda será definida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. O anúncio dos indicados à 89ª edição do Oscar está marcado para 24 de janeiro. A cerimônia de premiação acontece em 26 de fevereiro, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
"Pequeno segredo", que ainda não estreou, é um longa de ficção baseado em um episódio real ocorrido com a família Schurmann, conhecida por navegar o mundo.
A trama se centra na garotinha Kat, filha adotiva de Heloisa e Vilfredo Schurmann. A menina morreu em 2006, e a história inspirou também o livro best-seller "Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann" (2012), escrito por Heloísa. O longa tem no elenco Julia Lemmertz, Maria Flor, Fionnula Flanagan, Marcello Antony, Erroll Shand e Mariana Goulart.
"Obrigado a todos os que acreditam nesse filme! Meu profundo respeito a todos os maravilhosos filmes inscritos. Tenham certeza que faremos de tudo e não economizaremos energias para representar nosso país na premiação do Oscar 2017. Obrigado, Obrigado obrigado!", escreveu David Schurmann em seu perfil no Facebook.
"Pequeno Segredo não é só um projeto pessoal ou da minha família. Ele é um sonho de uma equipe imensa, talentosa e extremamente profissional. E esse sonho vem conquistando milhares de pessoas. Essa é a maior realização de todos nós. A cada um que acredita no Pequeno Segredo, meu muito obrigado", disse o diretor no perfil do filme no Facebook.
Estreia
Pelas regras, os filmes inscritos para tentar representar o Brasil no Oscar 2017 devem ter sido lançados e exibidos publicamente com fins comerciais por pelo menos sete dias consecutivos entre os dias 1º de outubro de 2015 e 30 de setembro de 2016. É necessária a a comprovação da exibição em salas de cinema comercial.
O perfil oficial de "Pequeno segredo" informa que a estreia está prevista para 10 de novembro, o que tornaria o longa inapto para concorrer. No entanto, no anúncio na Cinemateca nesta segunda, a comissão do MinC disse que o longa estreia em 22 de setembro.
'Potencial para seduzir Academia'
A comissão que elegeu o representante brasileiro foi formada por Adriana Scorzelli Rattes, Bruno Barreto, Carla Camurati, George Torquato Firmeza, Luiz Alberto Rodrigues, Marcos Petrucelli, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense O presidente da comissão, Bruno Barreto, não estava presente.
Luiz Alberto Rodrigues foi o membro que fez o anúncio da escolha de "Pequeno segredo". Ele disse que a comissão analisou não apenas as qualidades artísticas do filme, mas também tentou considerar o que a Academia de Hollywood poderia levar em conta.
"A gente considerou essa hipótese: que filme teria maior potencial para seduzir o júri da Academia a escolher como concorrente a filme de língua esrangeira?", disse Rodrigues.
"Não foi uma decisão fácil. Não foi uma decisão unânime. Foi uma decisão pelo consenso", disse Silvia Maria Sachs Rabello, quando a comissão foi questionada sobre não escolher "Aquarius".
Marcos Petrucelli completou: "O 'Aquarius' ganha essa repercussão nos Estados Unidos porque já foi visto, passou no festival de Cannes. Coincidentemente o nosso filme que foi escolhido não foi visto ainda. Mas isso não significa nada [para o Oscar]. Tem filme que ganhou Oscar e não ganhou Cannes, e vice-versa".
Petrucelli também disse que a escolha levou em conta o perfil do júri que escolhe os filmes de língua estrangeira no Oscar. "São pessoas geralmente mais velhas, então um pouquinho mais conservadoras", disse. "A gente tentou encontrar um filme que tem essas características do cinema 'da cartilha'", afirmou o membro da comissão.
'Aquarius' era considerado um favorito
Dos 16 inscritos para tentar a vaga de representante brasileiro na corrida pelo Oscar, "Aquarius" era considerado um dos favoritos.
Recentemente, duas produções deixaram de ser inscritas justamente em apoio a "Aquarius".
Primeiro, a equipe de "Boi Neon", de Gabriel Mascaro, saiu da corrida. Depois, a diretora Anna Muylaert ("Que horas ela volta?") fez o mesmo ao deixar de fora o seu filme mais recente, "Mãe só há uma".
"Aquarius" recebeu críticas elogiosas no Festival de Cannes, que disputou em maio. O sucesso do primeiro filme de seu diretor ("O som ao redor") também ajudou, assim como a presença de Sonia Braga no papel de protagonista.
O filme, no entanto, se cercou de polêmica desde que, no Festival de Cannes, o elenco fez um protesto contra o agora presidente Michel Temer, que há duas semanas substituiu definitivamente Dilma Rousseff.
Em sessões no Rio no primeiro fim de semana em cartaz, "Aquarius" foi aplaudido e ovacionado com gritos de "Fora, Temer". Na época, fontes do MinC disseram que esses incidentes não deveriam interferir na escolha do filme que iria representar o Brasil no Oscar.
O Brasil no Oscar de melhor filme em língua estrangeira
A última vez que o Brasil teve um filme indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira foi em 1999, com "Central do Brasil". Também concorreram ao prêmio "O pagador de promessas" (1963), "O quatrilho" (1996) e "O que é isso, companheiro?" (1998).
Os brasileiros selecionados para concorrer nas últimas seis edições do Oscar foram "Que horas ela volta?", de Anna Muylaert, em 2016; "Hoje eu quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro, em 2015; "O som ao redor", de Kleber Mendonça Filho, em 2014; "O palhaço", de Selton Mello, em 2013; "Tropa de elite 2: O inimigo agora é outro", de José Padilha, em 2012; "Lula, o filho do Brasil", de Fábio Barreto, em 2011; e "Salve geral", de Sérgio Rezende, em 2010.
Veja, abaixo, a lista de inscritos para tentar representar o Brasil no Oscar 2017:
"A bruta flor do querer", de Andradina Azevedo e Dida Andrade
"A despedida", de Marcelo Galvão
"Aquarius", de Kléber Mendonça Filho
"Até que a casa caia", de Mauro Giuntini
"Campo Grande", de Sandra Kogut
"Chatô – O Rei do Brasil", de Guilherme Fontes
"Mais forte que o mundo – A história de José Aldo", de Afonso Poyart
"Menino 23: Infâncias perdidas no Brasil", de Belisario França
"Nise – O coração da loucura", de Roberto Berliner
"O começo da vida", de Estela Renner
"O outro lado do paraíso", de André Ristum
"O roubo da taça", de Caito Ortiz
"Pequeno segredo", de David Schurmann
"Tudo que aprendemos juntos", de Sérgio Machado
"Uma loucura de mulher", de Marcus Ligocki Júnior
"Vidas partidas", de Marcos Schetchman
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