segunda-feira, 28 de abril de 2014

A família da Globo de Manoel Carlos

Por César Santos

O  conceito família vai além do grau de parentesco entre pessoas que vivem na mesma casa formando um lar. Deve ser compreendida, como de fato é, a célula vital da sociedade, até por sua precedência à sociedade e ao Estado. Dela os povos se fortalecem, a partir de conceitos e princípios como respeito, caráter e amor.
Nesse contexto, a instituição família não pode ser emparedada por interesses outros, muito menos ter o núcleo mais sagrado agredido por qualquer apelo menor.
Em Familiaris Consortio (Exortação Apostólica, 22 de novembro de 1981), o Papa João Paulo II escreveu: “A legitimação da família está fundada na própria natureza humana e não no reconhecimento da lei civil. Ela antecede ao próprio Estado, por isto ela não existe em função do Estado, antes o contrário a sociedade e o Estado é que existem para a família.” Em outras palavras, a instituição é inviolável. Logo, seus conceitos devem ser preservados e respeitados.
Pois bem.
Observando a trama “Em Família”, na Rede Globo, o autor Manoel Carlos – consagrado por explorar em suas novelas temas importantes e tabus que a sociedade se negava a debater – parece ter um conceito bem diferente de Família, transformando o núcleo em verdadeira zorra de indecência.
Veja: a Família escrita por Maneco, que centraliza a trama das nove horas, tem uma adolescente (Luíza) que está traindo o namorado (André) com um homem casado (Laerte), que no passado foi o amor de sua mãe (Helena) e tentou matar o seu pai (Virgílio) deixando para sempre uma cicatriz em seu rosto.
Segue: O mesmo núcleo familiar tem um casal (Clara e Cadu) que está em via de separação (vai deixar o único filho sem lar) porque a mulher está querendo trair o esposo com outra mulher, a fotógrafa (Marina), e o esposo Cadu em via de paquera com o amor do seu cunhado (Felipe, irmão de Clara), a médica Sílvia.
Ou seja, a novela sugere um ambiente familiar à base de traição, divórcio, filho sem pai ou mãe e a completa falta de respeito entre os seus membros.
Essa é a família que a Globo mostra todas as noites para a sociedade brasileira. E não cabe a justificativa de que esses problemas estão presentes no cotidiano das pessoas.
Penso que, até por isso, a Globo deveria usar o seu reconhecido poder de influência no comportamento da sociedade (jeito de vestir, corte de cabelo, moda e costumes) para fortalecer a instituição Família, enaltecendo os conceitos, nunca diminuindo, por mais que a realidade revele casos e comportamentos outros, porém, pontuais.

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