quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Transatlântico

Extraído de BRAVO! Online:


O ROMANCE DE CONSCIÊNCIA PESADA

Os barracos entre ciência e literatura (ou física e metafísica) são quase tão velhas como a deriva dos continentes. Num dos momentos mais divertidos das chapuletadas, o cientista inglês C.P. Snow publicou um panfleto intitulado “As Duas Culturas“. A acusação: os literatos tem um piti se os cientistas não trazem Shakespeare na ponta da língua, mas acham normalíssimo ignorarem uma informação tão crucial como a Segunda Lei da Termodinâmica (entropia). O crítico literário F.R. Leavis respondeu ao libelo à letra (com trocadilho).

Nos últimos tempos, mais do que um armistício, floresceu uma promiscuidade entre os dois lados da barricada. Talvez o principal capacete azul dessa ecumênica pacificação seja a neurociência. Um escritor como Ian McEwan já dá a sensação de se ocupar mais da neurociência do que de novas personagens. Há dias, debateu horas a fio com Steven Pinker (um dos gurus na matéria), numa copiosa conversa transcrita na revista “Areté”. E Jonah Lehrer lançou uma obra cujo título jura: “Proust Was a Neuroscientist“.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dia Nacional do Livro Didático


O livro didático é o nosso colega desde os primeiros passos a serem dados, desde as primeiras palavras a serem lidas. E, nos acompanha por toda a vida. Desde os mais simples aos mais complexos, sendo de fundamental importância para adentrar no mundo mais intelectualizado. Sabendo da importância, o Brasil já traz a questão como política pública concretizado no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), tendo sido criado em 1985, tendo como escopo a distribuição para os estudantes da rede pública de ensino brasileira, obras didáticas. Em 2005, foram distribuídos por meio desse programa, em torno de 110.643.113 livros didáticos para o ensino fundamental, beneficiando em torno de 31 milhões de estudantes brasileiros. Em 2011 foram mais de 135,6 milhões, com um investimento de cerca de 880,2 milhões de reais. Sendo, este, o maior programa em aquisição de livros no mundo. É bonito de se ver a valorização. E em comemoração a esse dia 27 de fevereiro, que cada um desfrute do seu livro.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Markus Thomas

Extraído do site amusicoteca:


“É pedir demais, algo assim de novo, algo novo?”
E foi assim que conheci a voz e a música desse surfista e amigo de todos por onde passa, o encantador Markus Thomas. Um belo dia em um sarau na casa de alguns amigos, e depois na sala de casa, a energia de sua música levantou compositores e vozes num coral de alegria e astral que foi praticamente impossível imaginá-lo fora da musicoteca. Isso não dependia mais de mim.
Sua música “Imaginário” entrou em um dos mais comentados lançamentos musicoteca de 2013, o Álbum Branco. Recheado de novidades para o ano, a canção despertou a curiosidade de muitos leitores. Então, é com muito prazer que recebemos mais uma joia da nossa música com um lançamento muito especial para começar esse ano tão promissor para a nossa arte.
Markus Thomas permeia suas composições em simples melodias, formatando uma música orgânica, leve e com uma onda na surf music. Podemos prometer que muita coisa dele vai pintar por aí.
Após nossos encontros, papos e saraus, Markus em parceria com nossa grande amiga, compositora e talentosa cantora, Lívia Humaire, nos presentearam com uma canção inédita, gravada especialmente para seu show no primeiro Musicoteca Apresenta em SP.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013

Os vencedores do Oscar 2013 foram:

Filme: "Argo" 
Direção: Ang Lee, por "As Aventuras de Pi" 
Ator: Daniel Day-Lewis, "Lincoln" 
Atriz: Jennifer Lawrence, "O Lado Bom da Vida" 
Ator coadjuvante: Christoph Waltz, "Django Livre" 
Atriz coadjuvante: Anne Hathaway, "Os Miseráveis" 
Roteiro original: "Django Livre" 
Roteiro adaptado: "Argo" 
Animação: "Valente" 
Filme estrangeiro: "Amor" (Áustria) 
Trilha sonora: "As Aventuras de Pi" 
Canção original: "Skyfall", de Adele, "007 - Operação Skyfall" 
Fotografia: "As Aventuras de Pi" 
Figurino: "Anna Karenina" 
Documentário: "Searching for Sugar Man" 
Curta de documentário: "Inocente" 
Edição: "Argo" 
Maquiagem: "Os Miseráveis" 
Direção de arte: "Lincoln" 
Curta de animação: "Paperman" 
Curta-metragem: "Curfew" 
Edição de som: empate entre "A Hora Mais Escura" e "007 - Operação Skyfall" 
Mixagem de som: "Os Miseráveis" 
Efeitos visuais: "As Aventuras de Pi"

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Melhores Filmes - Seleção BRAVO!

Trecho de "O Lado Bom da Vida"
Indomável Sonhadora: Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance e indicado ao Oscar em quatro categorias (filme, diretor, atriz e roteiro adaptado), o trabalho de estreia do diretor norte-americano (Benh Zeitlin) cria convincentemente um mundo marcado pelo realismo mágico e repleto de personagens inesquecíveis.

Dentro de Casa: Pelo clima sombrio que marca a aproximação ambígua entre o aluno maquiavélico e o professor entediado. O diretor francês (François Ozon) leva o telespectador a uma crescente tensão psicológica.

A Parte dos Anjos: A produção, ambientada na Escócia, foi vencedora do prêmio do Júri no Festival de Cannes em 2012. É uma rara e feliz combinação entre o registro cômico e o habitual empenho humanista do diretor inglês Ken Loach.

O Lado Bom da Vida: Indicado a oito Oscar, o filme do cineasta norte-americano (David O. Russell) extrai ótimas interpretações de um admirável conjunto de atores. E constrói uma trama original baseada em uma família disfuncional em busca de renovação.

A Luz do Tom: Esse documentário complementa outro lançado no ano passado e também assinado por Nelson Pereira dos Santos. O primeiro, A Música Segundo Tom Jobim, avalia o alcance internacional da obra do músico; o novo filme revela Tom por um lado intimista.

De Coração Aberto: A diretora francesa Marion Laine consegue um resultado acima da média ao adaptar o romance de Mathias Énard. E obtém um retrato detalhado do tenso ambiente de trabalho dos protagonistas., em que a vida e morte estão lado a lado.

A Amante da Rainha: O longa rompe com o habitual artificialismo dos filmes de época e retrata com detalhes um período de profundas mudanças. Indicado ao Oscar de Melhor Filme estrangeiro, a produção cria empatia pelos dilemas profundamente humanos dos protagonistas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

As Vantagens de Ser Invisivel


O longa americano, dirigido por Stephen Shbosk em uma adaptação do seu próprio romance “The Perks of Being a Walflower”, estreou no dia 19 de outubro de 2012, com a participação de Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller. O contexto é simples, conta a história de um garoto de 15 anos, que está em um período de recuperação da depressão e se depara com o tormento que é o ensino médio. O que mais encanta no filme é a magia que há em cada personagem, apesar de jovens com uma bagagem emocional enorme, que no dia-a-dia é comum, mas acaba sendo ignorado ou nomeado meros “dramas” adolescentes. Na obra de Stephen, o leitor/telespectador encara de frente diversos assuntos pertinentes, como o caso do suicídio, homossexualidade e depressão. Apesar de todas essas qualidades e diversas outras que poderia passar o dia aqui falando, o que realmente me encantou foi poder desapegar daquela antiga imagem da Emma Watson e vê-la de forma mais madura, não precisa de muito tempo para que esqueçamos que a mesma foi a Hermione por dez anos. O seu trabalho é impecável, é delicioso vê-la atuar. A história é simples, o filme não é longo, a trilha sonora é de muito bom gosto. O filme é uma boa pedida.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mais um de Marcia Tiburi

Feminicídio:


MARCIA TIBURI
Anticristo, o polêmico filme de Lars Von Trier de 2009, conta a história de uma mulher que sofre pela morte acidental do filho pequeno. A opção do diretor dinamarquês parece ser a de investir na mítica culpa feminina estabelecendo um elo entre o desejo sexual irrefreável da personagem – caracterizada como quase ninfomaníaca – e o acidente que vitima a criança. O conflito entre a mulher e a mãe talvez esteja no fundo obscuro do filme. Mas isso é o que menos importa diante de um elemento mais curioso e politicamente mais perigoso.
Trata-se do fato de que a personagem interpretada pela atriz Charlotte Gainsbourg é uma estudiosa do que se chama de “feminicídio”, do qual ela mesma será vítima. Ela morre ao final, depois de ter mutilado o marido e ter se automutilado sexualmente, como se seus corpos desejantes devessem ser punidos de um crime. Mas, obedecendo à realidade, ela é que é morta e queimada pelo marido diante de sua casa. A morte por incineração é comum como crime doméstico em alguns países. O que o filme nos diz é que o destino das mulheres é padecer sob a culpa até sua eliminação como papel queimado.
Marcadas para morrer
Feminicídio é um termo cada vez mais corrente entre nós. Usado há séculos para falar do assassinato de mulheres, ele foi retomado em termos críticos há poucas décadas por uma teórica feminista inglesa chamada Diana Russell, que percebeu o significado misógino deste tipo de assassinato. Fala-se de feminicídio desde então para referir-se ao assassinato de uma pessoa por ela ser “mulher”.
A pergunta simples que é preciso fazer nesta hora envolve entender o elemento absurdo que a constitui: por que alguém seria morta apenas por sua condição de mulher? Ou, na via do assassino, por que alguém mataria outrem pelo fato de que este outro seja “mulher”? Podemos nos perguntar o que há de crime ou pecado, de ofensa ou de erro em ser “mulher”? Qual o teor desse ódio?
Não há discussão sincera sobre este tema que não seja obrigada a lutar contra o cinismo de respostas como a que dá Lars Von Trier em seu filme exemplar: a culpa é das próprias mulheres. O preço a ser pago para a portadora da culpa é a morte. O argumento da culpa feminina é usado por assassinos, estupradores e praticantes de violência contra mulheres em geral. O algoz se defende quando a opinião pública o questiona dizendo que “ela estava querendo”, que “ela sabia o que iria acontecer”. Os estupradores autorizam-se a estuprar e até matar porque a “outra” não se “portou” como “devia”. Casos exemplares em nossa época não podem ser esquecidos: o da jovem indiana morta em dezembro do ano passado e das garotas estupradas pela banda New Hit, na Bahia.
Assim como genocídio é o termo usado para falar do assassinato étnico, feminicídio é o termo usado para falar de assassinato de mulheres motivados pelo fato de que sejam mulheres. É como se as mulheres estivessem desde sempre marcadas culturalmente por seu “sexo”, como disse Simone de Beauvoir, mas neste caso, mais ainda, é preciso ver que marcadas para morrer por conta deste “sexo” com que são marcadas culturalmente.
Sob a prática patriarcal oculta-se mais do que o absurdo do suposto “motivo para os homens”. A autorização soberana dos homens contra as mulheres é a característica do Patriarcado: o poder total na mão dos homens apenas porque são homens. O patriarcado é uma espécie de ordenamento fundamentalista, simbólico, político, econômico e jurídico, que implica que homens possam fazer o que quiserem com mulheres e nem serem culpados por seus atos. O rebaixamento das mulheres em qualquer campo é  a ponta do iceberg do assassinato de antemão autorizado e sempre possível.
O patriarcado tratará como anomalia tudo o que se coloca contra a sua ordem. Daí a antipatia que tantos têm pela coragem feminista: ela representa a contraparte soberana que assusta porque ameaça mostrar o jogo sujo das relações de gênero a que as mulheres estão submetidas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Regina Duarte e a Política


Para os que não conhecem um pouco da história política nacional ou simplesmente não acompanhou as disputas eleitorais já no regime democrático, não conseguem ver relação entre a consagrada Regina Duarte para com a política. Pois bem, a atriz que fez sucesso com a novela Malu Mulher e fez história com Roque Santeiro também fez história (ou polêmica) no cenário político brasileiro. Durante o regime ditatorial não se privou de manifestar as suas convicções, seja reivindicando as eleições diretas para presidente, seja defendendo a anistia dos perseguidos pelo regime. No período democrático não temeu levantar bandeira para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apoiando diversas de suas candidaturas. Como também não se absteve de falar em rede nacional que tinha “medo” do candidato (na época) Luiz Inácio Lula da Silva, utilizando-se das seguintes palavras “Sinto que o país corre o risco de perder toda a estabilidade conquistada”. Sua aparição um pouco ousada e que gerou uma polêmica sem tamanho, fez a atriz se afastar um pouco dos holofotes e até parar com os trabalhos. Utilizar-se de uma imagem como tinha para tal ato talvez seja um pouco questionável, mas é certo que as suas palavras até tinham certa razão. Pois bem, em 2012 Regina completou 50 anos de carreira e sua assessora propagandeou que a mesma ia abrir a boca novamente para o assunto tão delicado, a BRAVO! agendou  entrevista, mas o que saiu foi um bom retrato da sua trajetória durante seus 66 anos de idade. Apesar do primeiro tema ser bem mais interessante, a entrevista não ficou muito para trás, para quem tiver interesse, está na BRAVO! do mês.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Os Miseráveis e os Críticos


O Musical inglês que estreou no dia 1 de fevereiro de 2013, dirigido por Tom Hooper, com a participação dos ilustríssimos Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, está fazendo os críticos regozijarem com as mais severas críticas. Como num passe de mágica toda a beleza que havia na pré-estreia do filme sumiu no dia primeiro do segundo mês do ano. Fizeram questão de enterrar todo o brilhantismo que o longa tem, porque, apesar dos erros, não há como negar o figurino e cenário impecáveis, a atuação incomparável da Anne, sem contar a produção. A sociedade do século 19 da França    Revolucionária veio vestida para matar os invejosos, de miserável nada tinha. Apesar da simpatia pelo musical, não há motivos para fechar os olhos às palavras dos críticos de plantão. Alguns, com pouco o que falar, se limitaram a dizer que era longo demais, outros julgaram a atuação perfeita demais, beirando o superficial, muito “Broadway”. Não há como ignorar todos esses pontos e até o apelo ao romantismo na segunda metade, infelizmente se apegar ao miserável é mais autêntico às páginas do escritor francês Victor Hugo. Entretanto, convenhamos, diante de tantas e tantas interpretações já lançadas por aí, “Les Misérables” de Hooper foi de longe o mais belo. O filme é de arrepiar, de emocionar, não há coração que resista a ele sem lágrimas nos olhos. Fica aqui a torcida para Anne Hathaway ganhar o seu troféu de melhor atriz coadjuvante no Oscar 2013. 


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Lincoln, de Steven Spielberg


Como já é de tradição no cinema norte-americano, Lincoln faz jus à trajetória de filmes que narram a história do próprio país, nos fazendo compreender (novamente) as cisões do país mais poderoso do mundo, passando por guerras, escravidão e diversos outros assuntos que são de praxe nas telinhas. O filme que está entre os mais cotados a ganhar o Oscar, concorrendo a 12 estatuetas, é baseado no livro de Doris Jearns Goodwin, com roteiro de Tony Kushner. Como o próprio nome já sugere, o filme fala de um dos mais célebres presidentes dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (1809-1865). Foi no seu mandato (1861-1865) que a escravidão foi extinga e a União venceu a Guerra Civil, sendo um marco para o país ser a potência econômica e cultural que é hoje. Esses motivos fazem com que Abraham seja tão famoso no cinema, já estando presente nas telonas diversas outras vezes como em A Mocidade de Lincoln (1939); Estados Confederados da América (2004), entre outras diversas obras, sendo considerado o presidente mais retratado do cinema, de acordo com o IMDb (Internet Movie Database), Lincoln já apareceu em 143 obras. Apesar de por vezes o filme beiras o monótono, a produção de Spielberg não deixa a desejar, esperamos até dia 24 pra ver a sua atuação no prêmio mais importante do cinema.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Herta Müller


Nascida em 17 de agosto de 1953, a alemã Herta Müller é escritora, poetisa e ensaísta. O principal assunto relatado por ela são as condições de vida na Roménia (lugar onde nasceu), no período do regime político comunista de Nicolae Ceausescu. De destaque mundial, em 2009 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, além desses já havia sido homenageada com o Prémio Europeu de Literatura Aristeion (1995) e The International IMPAC Dublin Literaty Award (1998). A sua vida é a sua fonte de inspiração, uma vez que, integrante da minoria alemã, foi perseguida, presa e torturada. Segundo a autora esta “é uma experiência que marca uma pessoa pela vida inteira”. Recentemente, lança no Brasil o romance “O homem é um grande faisão no mundo” (pela Companhia das Letras). Em entrevista ao “O Globo”, Herta fala sobre o motivo de publicar tantos títulos no Brasil “Não sei o motivo, mas acredito que os brasileiros que procuram ler meu trabalho sabem que meu tema é a ditadura, e o Brasil também já foi palco de uma. Certamente o regime ditatorial brasileiro foi diferente do romeno, mas também no Brasil eu acredito que a rotina era dominada nessa época pelo medo, pela incalculabilidade da vida. Além disso, acho que há alguma semelhança entre o estilo de vida que existe no Brasil e o que tínhamos na Romênia.”


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

James Joyce na Cultura Popular


JONATHAN GOLDMAN
James Joyce era viciado em cultura popular. Seus escritos estão, desde o começo, repletos de referências a entretenimentos populares de sua época, bem exemplificados com as histórias de “faroeste” que inflamam a mente do narrador do segundo conto de Dublinenses, “Um Encontro”, publicado em 1916, mas escrito mais de uma década antes. Quando publica Ulysses Finnegans Wake, referências recorrentes a revistas, quadrinhos, canções populares, programas de rádio, filmes, televisão, ficção e fotografia erótica etc. já se tornam norma.
E a cultura popular retornou o favor. No decorrer do último século, Joyce e sua obra foram apropriados por toda a gama de gêneros populares. Seus textos serviram de fonte para adaptações (por mais frouxas que fossem) no cinema, no rock, na opereta e nos romances gráficos, para não mencionar as versões literárias e teatrais que nos são mais familiares. A quantidade e variedade dessas adaptações atestam o calibre da realização literária e a estatura alcançada pelo conjunto de textos de Joyce, uma obra que fascina a tal ponto que deve ser continuamente relida e revisitada. Além disso, inúmeros textos populares invocam o ícone Joyce, seja usando seu nome ou imagem (adornado por chapéu, óculos e bigode). Tais referências, frequentemente encontradas nos lugares mais inesperados, apontam para o alcance cultural de sua reputação e a durabilidade de sua celebridade, questões relacionadas, mas bem distintas de seu legado literário.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

VENCEDORES DO BAFTA 2013

Os vencedores do Oscar britânico foram:

Melhor Filme

Concorrentes: Argo; Os Miseráveis; As Aventuras de Pi; Lincoln; A Hora mais Escura.
Vencedor: Argo

Melhor Ator

Concorrentes: Ben Aflleck (Argo); Hugh Jackman (Os Miseráveis); Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida); Daniel Day-Lewis (Lincoln); Joaquin Phoenix (O Mestre).
Vencedor: Daniel Day-Lewis (Lincoln)

Melhor Atriz

Concorrentes: Emanuelle Riva (Amour); Helen Mirren (Hitchcock); Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida); Jessica Chastain (A Hora Mais Escura); Marion Cotillard (Ferrugem e Osso).
Vencedor: Emanuelle Riva (Amour).

Melhor Diretor

Concorrentes: Ben Affleck (Argo); Michael Haneke (Amour); Quentin Tarantino (Django Livre); Ang Lee (As Aventuras de Pi); Kathryn Bigelow (A Hora mais Escura).
Vencedor: Ben Affleck (Argo).

Melhor Design de Produção

Concorrentes: Os Miseráveis; Anna Karenina; As Aventuras de Pi; Lincoln; 007 - Operação Skyfall.
Vencedor: Os Miseráveis.

Melhor Documentário

Concorrentes: Searching For Sugar Man; The Imposter; Marley; McCullen; West of Menphis.
Vencedor: Searching For Sugar Man.

Melhor Atriz/Ator em Ascensão

Concorrentes: Juno Temple; Elisabeth Olsen; Andrea Riseborough; Suraj Sharma; Alicia Vikander.
Vencedor: Juno Temple.

Melhor Filme em Língua Não-Inglesa

Concorrentes: Amour (Áustria); Headhunters (Noruega); A Caça (Dinamarca); Ferrugem e Osso (França); Intocáveis (França).
Vencedor: Amour (Áustria).

Confira o restante da premiação aqui


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

É Carnaval!


Chegou a data mais esperada por, pelo menos, 80% dos jovens (suposição de dados). A data de se libertar e ser o que não é durante todo o ano, aquela que todos esperam quando passa as festas natalinas. No carnaval, é quando a música ruim está permitida e até os mais quietos se arriscam a descer até o chão. O axé e o forró tomam de conta das ruas das cidades brasileiras. As interpretações de músicas internacionais, com a batida do nosso nordeste, surgem com mais força. E os “até o chão” ficam no seu auge e todos obedecem como se fosse a palavra sagrada. Mas é carnaval, e no carnaval tudo é permitido. O que muitos encaram com depravação, libertinagem, é apenas o momento do ano que todos aproveitam para se soltar de suas amarras, porque julgar? A outra parcela da população fica em casa. Devoram filmes, séries e músicas cool. Aproveitam o feriadão para colocar em dia livros. E esse também é um carnaval, porque também estão fazendo o que não podem com a turbulência do dia-a-dia. É Carnaval e está permitido aproveita cada um do seu modo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Entrevista com Karina Buhr

Extraído da Revista O Grito!



A PUNK DO 
Destaque do  este ano,  fala da influên­cia da folia per­nam­bu­cana em sua obra e dá dicas do que fazer em Olinda e Recife
Karina Buhr é um dos des­ta­ques do Rec Beat este ano. A can­tora bai­ana de nas­ci­mento e radi­cada em Pernambuco vem de uma fase elo­gi­ada com dois dis­cos lan­ça­dos em espaço curto de tempo, Eu Menti Pra Você e Longe de Onde. Conhecida pelos seus shows per­for­má­ti­cos, Karina tam­bém é moça de opi­nião forte. Ano pas­sado, colo­cou na web uma ação ao lado de ami­gos artis­tas em que cri­tica o machismo (e com os seios à mos­tra para muxoxo dos mais puritanos).
Para este show no Rec Beat, ela pre­para um show com impro­viso no palco — como pede o pro­to­colo car­na­va­lesco. E o Carnaval do Recife é impor­tante para a obra da can­tora. “Digo sem­pre que é a coisa mais impor­tante da minha vida nesse sen­tido. Minha maior escola, minha maior ins­pi­ra­ção. Comecei a tocar no car­na­val”, diz. Em entre­vista à Revista O Grito!, Karina fala sobre seus pla­nos para o futuro, dá dicas do que fazer nos dias de folia no Recife e Olinda e o que acha de ser “a mais punk” das can­to­ras bra­si­lei­ras. [Por Paulo Floro]

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Tom Custódio da Luz



Algumas vezes me pego abismada com tanto talento bom que aparece praticamente todos os dias na internet, em relação a todos os tipos de “arte”, mas, principalmente, quando se trata de música. Os novos rostos da música brasileira estão fazendo jus as belíssimas raízes nos nossos empoeirados e eternos vinis. O último talento com quem me deparei no site da musicoteca foi o jovem Tom Custódio, que deu luz a sua primeira música, de forma despretensiosa (diga-se de passagem), com apenas 14 anos de idade, já no ano seguinte se agarrou no seu primeiro violão e deslanchou a escrever mais ainda. Com apenas 21 anos já tem uma bagagem invejável, muitos julgam os de pouca idade, mas acredito que atualmente são eles que estão colocando brilho na música nacional e esbanjando talento vocal e com composições. Abaixo se encontra o seu primeiro trabalho concreto, o álbum “fuga”, que o nome realmente condiz totalmente com as suas músicas, nos fazendo fugindo para o seu mundo belo e deixando de lado um pouco as tragédias do dia-a-dia. Então, baixa o álbum, põe o fone de ouvido e vamos viajar um pouco nas suas músicas. Tom da Luz, é um talento nato, e não precisa ser um grande crítico para notar isso.

Para baixar, acesse: amusicoteca


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Democracia que não Veio


por Vladimir Safatle
Normalmente, aqueles que mais têm a palavra “democracia” na boca são os que, no fundo, menos acreditam nela. Eles se portam como defensores dos valores democráticos apenas para conservar desesperadamente as imperfeições que a versão atual da democracia é incapaz de superar. Na verdade, quando repetem que “a democracia é o pior sistema, mas o único possível”, é porque amam suas distorções. Pois a única posição realmente fiel ao conteúdo de verdade da democracia consistiria em dizer: a democracia não está realizada, ela é uma ideia por vir.
Isto não significa que a realização imperfeita de uma ideia seja completamente falsa. A democracia por vir não é a negação simples, a recusa absoluta da democracia que temos atualmente. Mas ela é a mudança qualitativa de seus dispositivos e construção de novas dinâmicas de poder.
Podemos mesmo dar três razões que nos permitem compreender por que esta democracia por vir ainda não veio. Uma delas é a confusão deliberada entre o jurídico e o político. A verdadeira democracia admite situações de dissociação entre o ordenamento jurídico e exigências de justiça que alimentam as lutas políticas. Esta dimensão extrajurídica própria à democracia nos lembra que há uma violência eminentemente política que sempre apareceu sob a forma do direito de resistência e do reconhecimento do caráter provisório das estruturas normativas do direito. A estabilidade institucional da democracia não significa a perenidade absoluta do ordenamento jurídico atual. Ela significa que a instabilidade da violência política, uma violência que não é a simples eliminação simbólica do outro, será reconhecida no interior mesmo das instituições sociais.
O segundo ponto é o medo atávico da participação popular direta. As estruturas representativas da democracia parlamentar foram criadas para suprir a impossibilidade material da presença física da população no processo de deliberação legislativa cotidiana. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico e com o advento das sociedades de alta conectividade, foram dadas as condições materiais para o início de uma verdadeira democracia digital. Vários processos deliberativos podem passar para a esfera da deliberação plebiscitária.
O terceiro ponto diz respeito à relação de reconhecimento entre Estado e cidadão. Não é possível pensar o campo da política sem o Estado. É ele que permite a ampliação de escala de processos gerados na esfera local. É ele que permite a implementação institucional da universalidade. No entanto, vivemos em uma época de esgotamento do Estadonação com suas exigências de conformação identitária e sua capacidade de gerir processos econômicos em sua fronteira. Este fim do Estado-nação pode dar lugar a dois fenômenos: o retorno paranoico a identidades profundamente ameaçadas ou o abandono da identidade como operador político central. Isto significa não a anulação deliberada de toda e qualquer demada identitária, mas a construção de um espaço político de absoluta indiferença às identidades; de uma política da diferença à implementação política de zonas de indiferença. Isto implica um estado capaz de socializar sujeitos em seu ponto de indeterminação. Ou seja, a função do estado não pode ser a determinação completa dos sujeitos através da gestão de processos disciplinares e de controle. Sua função é a gestão da indeterminação. Isto pode se dar, por exemplo, através da eliminação de aparatos jurídicos ligados à perpetuação de hábitos e costumes.
Por fim, não é possível pensar problemas ligados à democracia sem pensar os riscos advindos da consolidação de grandes conglomerados globais de mídia. Eles têm tendência a monopolizar discussões sobre liberdade de expressão sem nunca discutir as redes de interesses econômico-financeiros que permeiam tais conglomerados e direcionam sua expressão. Da mesma forma, eles tendem a não discutir como setores da opinião são, muitas vezes, marginalizados.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

American Idol e a Audiência



Idol é uma competição musical norte-americana, que teve sua primeira exibição no ano de 2002, precisamente em junho. O sucesso foi tão intenso que se tornou o programa musical com a maior publicidade nos Estados Unidos. Na temporada atual (décima segunda) tem como jurados o veterano Randy Jackson e os calouros Keith Urban, Mariah Carey e Nicki Minaj. Diferentemente de muitos programas nesse estilo, o Idol realmente joga o cantor no mundo da fama, e funciona, temos exemplos como Kelly Clarkson, Carrie Underwood, David Cook e diversos outros que ainda estão na mídia. Apesar de todo esse sucesso, se assistir essa última temporada do programa, qualquer um pode notar o apelo por audiência, é perceptível a busca para chamar atenção, o que faz tirar o foco completamente do objetivo do programa (os cantores), o foco ou focos estão mais voltados às futilidades que antes ficavam em segundo plano, como, por exemplo, a luta de egos entre Mariah Carey e Nicki Minaj, que está altamente insuportável, sem contar os efeitos visuais exagerados no programa. Não há outra desculpa pra isso que não seja a audiência baqueada, apesar de que essa medida tomada só tende a aprofundar o problema. Que o “American Idol” volte as suas origens, e nos permita aguentar assistir ao menos um episódio completo. Grata.