quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Lista dos Mais Vendidos

Por Márcia Tiburi

Na capa de um livro da classe de escrita denominada "autoajuda" encontramos a seguinte informação: "mais de 50 milhões de livros vendidos em 50 países". A explicação numerária está curiosamente sob o nome do autor, bem no topo da capa, antes mesmo do título que, logo abaixo, parece ser relativamente menos importante do que os números que aparecem acima dele. Livros em geral, clássicos ou não, não trazem explicações dessa natureza que venham, como esta, sublinhar o nome do autor. Verdade é que os escritores são valorizados por motivos estéticos e políticos que também podem representar algum tipo de capital. Mas justamente por implicarem outros valores não precisam apelas à quantidade vendida aqui ou acolá para despertar o desejo de compra. 

Neste caso exemplar, o nome do autor está relacionado a uma quantidade, coisa que a explicação deixa claro. Trata-se de um best-seller, um livro muito vendido. Mas por que esta informação precisa estar em destaque? Pelo mesmo motivo que jornais publicam listas de "mais vendidos". E o que realmente importa nos chamados "mais vendidos"? É redundante, mas necessário se dizer que os "mais vendidos" vendem mais. Que sejam lidos, ou não, é questão que não importa. Os mais vendidos não despertam o desejo de ler, mas o de comprar o que talvez até possa vir a ser lido.

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