A
mulher ao longo dos séculos foi objeto de estudo. Vista, outrora, como ser
misterioso, despertou a curiosidade da classe de poder/dominação (homens) de desvendar o
que guardava em seu íntimo, motivado (na minha opinião) pelo medo de perder o
status de comandante da sociedade patriarcal. Em um primeiro momento, buscou-se
na religião cristã fundamentos para o seu posto inferiorizado, associando a
mulher ao pecado (Eva), em outro momento, contrapondo-se a esta imagem a mulher
foi associada a imagem de pureza (Maria), visão esta que não foi digerida e consolidada.
Mais para frente, outros fundamentos foram esculpidos em todas as áreas do
saber (psicanálise, medicina, história), vale mencionar que tais áreas eram
dominadas pelo sexo masculino, uma vez que a mulher só foi ter acesso ao ensino
(superior) no século X. O que se espanta é que a necessidade de se firmar em um
hierárquico superior ao da mulher tomou proporções tão grandes que invadiu e
dominou todas as áreas do saber, inclusive a ciência (considerada racional). Produzindo
e reproduzindo discursos distorcidos não apenas pelos homens, como pela própria
mulher. Enquanto o homem era tido como o ser racional, a mulher foi posta ao
longo do tempo como aquela dominada pela irracionalidade, movida a sentimentos,
incumbida simplesmente da tarefa de reproduzir “desenvolver o cérebro
significava não nutrir o útero” (trecho da tese abaixo citada). E, devido ao seu
lado (quase única e obrigatoriamente) emocional, a histeria e o masoquismo faziam
parte da sua natureza. Histérica porque o mesmo seria a forma de expressão da
sua natureza, o sentir exacerbado, degeneração psíquica “toda mulher é feita
para sentir, e sentir é quase histeria”. Masoquista, um outro traço (deturpado)
da mulher, no sentido de que a mesma ao estar em uma relação amorosa ou
constituindo uma família deixa de lado os seus desejos e se entrega àquela
situação como se a mesma fosse o centro da sua vida, sacrificando-se em todos os
aspectos para a manutenção destes: marido e filhos. Hoje, ler um breve
histórico da visão da sociedade acerca da mulher gera um espanto seguido de
revolta, o que é importante para notarmos que estes entendimentos foram
quebrados e a sociedade desperta e se renova a cada instante para uma nova
visão. Para um maior aprofundamento da tese, abaixo o link para download.
Uma
breve observação: os comentários acima tem como base a tese de doutorado da
Professora Maria da Luz Olegário intitulada “Discursos sobre gênero e amor no
espaço pedagógico do MADA: a (des) construção do sujeito amoroso”, mais
especificamente o capítulo três “Discursos sobre a afetividade feminina”.
Ressaltando que foi um resultado da reunião de hoje (04/12/2013) do Projeto de
Pesquisa “Do Público ao Privado: Discursos sobre gênero, amor e violência nas
relações homoafetivas”. Já agradecendo o debate e ressaltando que a conclusão
final dessa postagem foi extraída da interação com os colegas de Projeto.
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